< Calhambeque Amarelo: Quanto é que dura?

domingo, fevereiro 06, 2005

Quanto é que dura?

Estou a desenvolver uma teoria de que a duração dos filmes é algo que respeita regras muito rígidas. Em geral, as produtoras pretendem que o espectador fique “contentinho” de modo a terem boas receitas!

Comédias românticas. Não passam da hora e meia. Caso contrário, quem é que convencia os gajos a ir ver o filme com a namorada? Por outro lado, como são filmes rápidos, nem dão tempo às meninas de compararem o Ben Affleck com os seus namorados e se aperceberem, de que afinal, não são tão interessantes como pensavam... Acabar com relações não é uma boa política para as receitas... Senão quem é que ia ver os filmes?

Filmes de animação. Tradicionalmente são as criancinhas que gostam mais deste género. Pedem muito aos paizinhos e eles lá prometem que no fim de semana vão ver o filme. Se os filmes durassem mais do que os habituais 80-90 minutos, os putos bem podiam espernear que ninguém os levava ao cinema!

Na onda mais recente de filmes de animação, com um público alvo mais abrangente, se os filmes durassem mais tempo, as salas acabavam vazias. As pessoas tinham tempo de reflectir e perguntar a elas próprias: “Mas o que é que eu estou aqui a fazer?! Desenhos animados?! Chiça!”.

Filmes de autor. Evidentemente não podem chegar às 2 horas! Primeiro porque o orçamento é pequeno e cada dia de filmagens fica muito caro, de modo que, se possível, eles aviam a coisa numa tarde! Outra razão óbvia, é que quanto menos maçarem os críticos, maior é a probabilidade de terem boas reviews! Por exemplo, já viram algum filme do Woody Allen chegar às 2 horas? Não! Mais ainda: os dois melhores filmes do homem, “Manhatan” e “Annie Hall”, não chegam aos 100 minutos... São factos, caros leitores!

Filmes épicos e/ou de guerra; exemplo mais recente “Alexandre”. Porquê que têm de durar pelo menos 3 horas? É simples: são filmes dinâmicos com interacção com o espectador! Reparem, enquanto no ecrã estão os actores a sofrer, com braços arrancados e sangue a escorrer por todos os poros, está o espectador na cadeira, a sofrer porque a porra do filme nunca mais acaba! É uma espécie de realidade virtual! Também pode ter outra função, que é esperar que as pessoas adormeçam, para que não se apercebam, de que o filme é na verdade uma bosta! Depois perante a pergunta “Que tal era o filme?” só conseguem responder:
- Aaa... era... era muito grande... – o que deixa em aberto a possibilidade da pessoa que fez a pergunta ir ver o filme, logo mais receita.

Na perspectiva do adormecimento, também será bom para o namorado que convenceu a namorada a ir ver o filme (evidentemente, depois de constatarem que o filme do Ben Affleck estava esgotado!). Isto é, ela adormece, e ele com os olhos, vê o filme, com a mão... (fica ao critério do leitor).