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segunda-feira, janeiro 24, 2005

Terceira idade, ou a altura da doce vingança

Antigamente, há muito, muito tempo atrás, era comum os membros das famílias sentarem-se em torno da fogueira a ouvir as histórias e os sábios conselhos de seus ancestrais (os avozinhos e avozinhas). Estes conselhos e histórias eram muito valiosos pois ajudavam a perpetuar os valores e a fomentar a união familiar.

Depois veio a televisão e foi tudo para o galheiro. Quem raio é que queria ouvir aqueles velhos chatos que nunca mais se calavam. Principalmente com programas como a quinta das celebridades (OK, na altura era tipo o 70X7 ou a TV rural. Que foi, não sou assim tão velho que me lembre de cenas anteriores a isto. Se souberem… digam).

Pois bem, meus amigos, parece que todos os anos que passamos a ignorar tais elementos da nossa sociedade, finalmente, caíram-nos em cima. Não é que os gajos (desculpem lá a expressão de possível mau gosto) decidiram passar-se dos carretos. É vê-los por aí, feitos autênticos adolescentes e jovens adultos a esgalhar pelas Autoestradas fora a mais de 120 (mas afinal o que raio é que isso tem de especial em relação ao povo português em geral?)… em contra-mão (OK, isto já não é muito normal) enquanto rezam um pai-nosso e esperam que a polícia apareça para os ajudar porque se enganaram na saída (esta é só para quem vê telejornal, de preferência o da TVI – eu… não o aconselho a menos que queiram rir à farta).

E acham que é tudo? Não…!!!! É só vê-los em autênticas orgias (“gandas malucos”) e depois serem apanhados pelo paquete do hotel e irem todos para à choça. Tão a ver… numa onda, daquelas tido, viva os Sixties.

E aquele tipo que matou a mulher e os compadres só porque achava que a mulher o andava a trair, e depois suicidou-se. Parece um daqueles drogados com uma trip do carago (preferi escrever de forma explicita a palavra porque se tivesse escrito c#$%&o, de certeza que ia existir um ou outro espertinho que ia dizer que estava a usar a expressão concorrente, mas esta, senhores e senhoras, é a única e verdadeira expressão “du Nuorte, carago”) ou então um homem em crise de meia-idade (mesmo assim é mais novo). Os dois habitantes de S. Xisto que sobraram estavam fora e até já estão a pensar emigrar. Até parecem garotos a emigrar por causa do Salazar para não irem para o Ultramar (é pá rimou e não foi de propósito. Temos poeta).

Quando tal, o Álvaro Cunhal volta para a liderança do PCP e o Saramago passa a usar pontuação nas suas obras, só para voltar aos seus tempos de escola.

Eu até já imagino um bando de geriátricos a andar de skate ou vestidos à “dred” e a cantarem Hip-Hop.

Eu sou velho

Ma’ na sou jarreta

Tou aqui em abertura

À procura da dentadura

YO (tosse)

Tou aqui lixado

Com a porra do catarro

Sai da minha frente

Ou ainda comes c'um escarro

YO (tosse)

E por ai fora. Por isso, da próxima vez que passarem por um velho, não gozem com o gajo porque ele pode sacar de uma uzi e, como os tipos das gangs, desatar a disparar para todo o lado. O mundo está a ficar muito decadente.