< Calhambeque Amarelo: Saldos

sábado, janeiro 22, 2005

Saldos

De todas as palavras da língua portuguesa, há duas que têm um poder quase sobrenatural sobre o ser humano.
Para os homens, é a palavra SEXO, enquanto que para as mulheres é, sem dúvida, a palavra SALDOS.

Quando chega essa altura do ano, é ver os centros comerciais de todo o país a encher-se de mulheres zombificadas a, literalmente, arrastar os seus namorados/maridos/amantes pelos corredores intermináveis dos centros e a entrar em TODAS as lojas que tenham a palavra "Saldos" na montra... Mesmo que seja uma loja de ferragens!!Tipo:
- Olha ali querido! Uma caixa de 100 pregos em aço inoxidável com 50% de desconto!!! Vou comprar!

A palavra SALDOS tem uma espécie de poder mangético sobre as mulheres. Aliás, deixo desde já aqui um conselho para alguns dos nossos leitores:
- JOVEM, és feio que nem um sapo com acne? Tens tanto jeito para engatar miúdas como o Zé Cabra tem para cantar? A experiência mais próxima a estar com uma mulher que já tiveste foi andar aos beijos com uma fotografia da Catarina Furtado que veio na revista Maria?
Então nós temos a SOLUÇÃO para ti!!!

Põe uma placa com a palavra SALDOS na testa, e vais ver as miúdas todas a correr na tua direcção que nem cães esfomeados atrás de um presunto!
Sucesso garantido!


Do lado de fora das lojas, encostados ao frio e desconfortável corrimão, ficam os pobres e desgraçados homens. Mesmo sem se conhecer, olham-se mutuamente com uma expressão conformada, como quem diz: "Cá estamos mais uma vez... É a vida..."
Durante o resto do ano, o homem pode ter a função de amigo, confidente ou amante, mas na altura dos saldos, a sua única função é......... Segurar nas sacas das compras!!! Assim tipo, cabide com pernas...

Lá dentro é o caos! Qual tsunami, qual quê?! A confusão é tão grande, que correm boatos que dizem que a Al-Qaeda esteve para fazer um atentado no Centro Comercial Colombo o ano passado. A nossa salvação foi que estavamos na altura dos saldos. Os terroristas chegaram lá e viram tanta destruição que pensaram que já alguém tinha feito um atentado primeiro e desistiram da ideia.
É roupa nas mesas, roupa nas cadeiras, roupa no chão, roupa no tecto... enfim, mulher que é mulher não pode deixar uma peça de roupa na prateleira.

Depois vem a pior parte: experimentar!
São filas intermináveis à porta das cabines de prova com dezenas de mulheres com a sua peça de roupa escolhida que, por acaso, já foi experimentada por mais 572 mulheres nos últimos 30 minutos, entre elas, uma velhota de 95 anos com as peles penduradas, uma miúda que se recusa a cortar os pêlos dos sovacos, uma pensionista que toma banho de 3 em 3 meses e uma rapariguinha que estava constipada, coitadinha, e espirrou umas dez vezes para cima daquilo.
Mesmo sabendo de tudo isto, elas insistem em vestir a sua "conquista" e tê-la bem encostadinha ao corpo... Que delícia!

Por fim, chega a minha parte preferida... Quando elas nos vêm pedir opinião!
Ela: Ó querido, vê lá estas calças... como é que ficam?
Ele: Ficam bem...
Ela: Ó! Dizes sempre que fica bem! Só estás a dizer isso pra poderes ir embora!
Ele: Ok, pronto... então ficam mal...
Ela: FICAM MAL?!? Anda lá! Fala a sério!
Ele: Eu até gosto, mas tu não compraste umas exactamente iguais a essas há 12 lojas atrás?
Ela: És mesmo homem! Não percebes nada disto! Não vês que as outras eram azul-baleia e estas são azul-golfinho?! Ainda por cima, estas têm aqui estes dois pontinhos brancos nos bolsos! É MUITO diferente!
Ele: Ah... Tou a ver... Então olha, será que posso levar aquela loira que ali está connosco para casa?
Ela: Tás parvo?! Que conversa é essa?!
Ele: És mesmo mulher! Não percebes nada disto! Não vês que esta tem o cabelo amarelo-dourado e o teu é amarelo-oxigenado?! Ainda por cima, esta tem peito 38! É MUITO diferente!

Acho que não preciso de dizer que o desgraçado que dissesse uma coisa destas levava com uma lambada tão grande no focinho que ia parar directo ao hospital.
Perante uma situação dessas, só um pensamento poderia passar pela cabeça de todos os outros homens presentes:
"Sortudo... ao menos já conseguiu ir embora..."