Carnaval
Não sou aquilo que se pode chamar de um “adepto fervoroso do Carnaval”. Já o fui em tempos... Nos meus tempos de criança, em que o meu pai tinha de me carregar nas costas durante HORAS para eu conseguir ver o desfile aqui da minha terra, no meio de um mar de gente.
Hoje em dia já não é assim... Hoje em dia há uma série de coisas que me intrigam e confundem em relação ao Carnaval.
Logo para começar, gostava de saber de quem foi a linda ideia de fazer em Portugal um Carnaval nos moldes do do Brasil... Ou seja, com miúdas descascadas e samba...
Porque não um Carnaval genuinamente português? Pegavamos numa referência não muito óbvia, assim tipo... o fado.
Os disfarces consistiriam de xailes pretos e saias pretas até aos pés. Sempre havia de ser mais quentinho. A nível musical, também era interessante... O fado não é propriamente alegre, mas podia dar-se uma voltinha para tornar as musicas mais interessantes:
(cantar com entoação de fado)
“Aaaiiii que me morreu o marido...
Aaaiiii lá se foi uma hemorroida
O que me vale é o meu vizinho querido
Tem um rabo que me deixa doida”
Etc, etc, etc...
Outra coisa que me deixa a pensar é a questão dos disfarces.
É fácil de ver, tomando como exemplo as crianças, que os disfarces são escolhidos de acordo com os nossos desejos mais profundos.
Os miúdos vestem-se todos de super herói, de cowboy, de desenho animado... Enfim, coisas que eles gostariam de ser na realidade.
Mas o que é que acontece quando vamos para os disfarces de adulto?
95% dos homens adultos que se costumam disfarçar já se vestiram, pelo menos uma vez, de MULHER... Normalmente loira e com umas mamas gigantescas.
Será que isto só me intriga a mim?
Estes fulanos, muitos deles homens de negócios respeitáveis durante 364 dias por ano, chegam ao Carnaval e encaram o papel de “Lola Maria, a loira arrasadora”.
Serão estes homens, travestis frustrados que não têm coragem para assumir as suas tendências e aproveitam o Carnaval para o fazerem numa de:
“Ei malta! É Carnaval! Isto é só a brincar! Eu não quero mesmo ser uma loiraça boazuda de mamas gigantes! A sério, tá? Sem confusões!”
Não sei... Não sei... A mim não me convencem...
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