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sábado, agosto 06, 2005

Algarves

Pois é, meus amigos...
Acabo de regressar de uma temporada de estudo e exploração científica no Algarve. Que fique bem claro que não fui fazer turismo! Nem pensar! Isso é para aqueles que não têm mais nada p'ra fazer.
Eu fui para lá a pensar em vós, fiéis leitores deste berlogue, para arranjar material e inspiração para mais alguns posts.
Sendo assim, aqui ficam algumas das minhas impressões sobre esta minha visita de estudo.

Primeiro de tudo, é preciso ter a noção de que existem dois tipos de pessoas neste mundo: os "copos de leite" e os "frangos assados". Eu, como devem calcular, estou no primeiro grupo, ou seja, o grupo daqueles que mal sentem uma ponta de Sol a tocar-lhes na pele, fogem para a sombra mais próxima, nem que para isso tenham de correr uns 5 Km em cima de areia a escaldar. Este grupo é o alvo favorito das marcas de protectores solares, já que uma frasco dos grandes dessa mistela mágica dura, num indivíduo "copo de leite", cerca de um dia, ou dia e meio.
É que não se pode facilitar! Quando estes indivíduos (eu incluído) decidem deixar-se atingir por alguns raios solares, ficam mais vermelhos que o Estádio da Luz num dia de clássico.
Quanto ao segundo grupo, chamo-os de "frangos assados" porque é essa, de facto, a imagem que me vem à cabeça quando olho para eles. Vejo milhares de criaturas em fila a assar num fogão gigante chamado praia e a girar num espeto imaginário (enfiado não sei bem onde) para ficarem bem tostados dos dois lados.

Depois, há algo na praia que me incomoda solenemente e que sei que é um flagelo para muitas outras pessoas deste mundo.
Falo, como já devem ter adivinhado, da areia nas virilhas. Toda a alma que já foi à praia sabe do que eu estou a falar: aquela sensação horrível de quem vestiu por engano um esfregão verde da Vileda em vez de cuecas... Um verdadeiro clássico!

A única coisa que me atrai, de facto, a este ambiente hostil é o mar. Confesso que acredito que noutra encarnação devo ter sido um peixe (provavelmente uma sardinha ou uma faneca), tal é a minha paixão por água.
Mas uma coisa é tomar um belo banho de mar com pouca gente à volta. Outra é tentar nadar em locais com mais gente do que água por metro cúbico!
Assim, acontecem-nos coisas maravilhosas como levar alegremente com uma prancha de body board nos dentes ou então ter de nadar o mais depressa possível para longe do puto que grita a plenos pulmões: "Ó MÃE! QUERO FAZER XIXI!"

Depois de sair da água, sabe bem relaxar e, se possível, dormir uma rica soneca... Se nos deixarem...
É que não é propriamente fácil dormir na praia, já que, sempre que estamos praticamente a adormecer, passa um maldito vendedor de bolas de berlim (ainda gostava de saber porque é que se chamam assim) a berrar mesmo ao nosso ouvido: "BBBOOOLLLIIINNNHHHAAASSSS! OLHA AS BOAS BOOOLLLIIINNNHHHAASSSS!! HÁ COM CREME E SEM CREME!!!"
Suspeito que grande parte destes vendedores são, de facto, ex-agentes da PIDE que ainda tiram algum gozo de fazer torturas do sono ao pessoal.

Ao final do dia, o que sabe melhor é ir tomar um belo banho para tirar toda a areia, sargaço, algas e outros corpos estranhos que se metem por todas as pregas e orifícios do nosso corpo.
Como o nosso país está a atravessar uma seca severa, é preciso poupar água nestes banhos. A minha sugestão é que se tornem obrigatórios os banhos a dois ou a três.
Eu, da minha parte, estou disposto a fazer o sacrifício de tomar banho juntamente com uma ou duas suecas...
Tudo para o bem da nossa comunidade, claro está!